Treze anos depois, começou no Acre o julgamento do "crime da motosserra", o assassinato do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o "Baiano". Hoje, no banco dos réus, o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal enfrentou pela primeira vez a viúva de "Baiano", Evanilda Lima de Oliveira, seus filhos Emanuele e Everson, e o bispo Dom Moacir Grecchi. Os quatro deram os mais contundentes depoimentos do Júri Popular, que começou às 8 horas e deve prosseguir pelo menos até quinta-feira.
Segundo o Ministério Público Estadual, entre os dias 1 e 2 de julho de 1996, a vítima, ainda viva, teve os olhos perfurados, braços, pernas e pênis amputados com uma motosserra, um prego cravado na testa e o corpo cravado por balas. O ato teria sido uma vingança comandada pelo ex-deputado pela morte de seu irmão Itamar Pascoal.
Segundo o Ministério Público Estadual, entre os dias 1 e 2 de julho de 1996, a vítima, ainda viva, teve os olhos perfurados, braços, pernas e pênis amputados com uma motosserra, um prego cravado na testa e o corpo cravado por balas. O ato teria sido uma vingança comandada pelo ex-deputado pela morte de seu irmão Itamar Pascoal.
Acusado de ter comandado entre as décadas de 80 e 90 um grupo, batizado pela polícia como "esquadrão da morte", Hildebrando está preso há 10 anos. Sua lista de crimes inclui assassinatos, tráfico de drogas, formação de quadrilha, entre outros.
Ao todo, foram ouvidas 12 testemunhas (de acusação, de defesa e do juiz) até as 18 horas. Todas confirmaram a tese do Ministério Público Estadual de que nos primeiros dias de julho de 1996, Hildebrando Pascoal, seus familiares e policiais ligados a eles empreenderam uma "caçada" para encontrar e executar o assassino de seu irmão. O alvo, José Hugo, conhecido como "Mordido", também foi assassinado dias depois. O caso, porém, faz parte de um outro processo ainda não levado ao júri. "Baiano" era amigo do assassino e dirigia o carro no dia em que ele disparou a arma contra o irmão de Pascoal. Na suposta "caçada", além de "Baiano", seu filho Wilder, que tinha 13 anos, também foi assassinado brutalmente.
Testemunha
O bispo Grecchi, que de 1972 até 1999, era o responsável pela diocese de Rio Branco, confirmou aos jurados também as informações de que Hildebrando e os demais acusados perseguiram e mataram brutalmente pessoas que estavam ligadas à morte de seu irmão.
O bispo confirmou também que no dia do assassinato, Hildebrando arrombou a porta do Tribunal de Justiça, onde acontecia uma reunião com as autoridades de segurança do Estado discutindo o problema, e ameaçou os presentes para que nada fizessem.
A defesa de Hildebrando, o advogado Sanderson Moura, tentou desqualificar os depoimentos das testemunhas, apontando contradições em suas falas e pedindo que fosse declarado falso testemunho.
O acusado entrou na sala do júri por volta das 9 horas, sem algemas nos braços, vestindo um blazer de veludo marrom, camisa laranja, encarando toda plateia. Riu ao avistar alguns presentes, como sua mulher Maria Rosângela.
Segurança
O Tribunal de Justiça do Acre montou um esquema especial de segurança para o julgamento. O limite de pessoas na sala do tribunal foi limitado a 116, as ruas no entorno do fórum serão interditadas e todo efetivo da polícia colocado em alerta para evitar manifestações.
Aos 57 anos, o ex-coronel da PM também já foi condenado no Acre por crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha e crime eleitoral. Somadas as penas, são 68 anos de reclusão, mas pela legislação brasileira 30 anos é o tempo máximo que uma pessoa pode ficar presa.
Também são réus deste processo Pedro Pascoal (irmão de Hildebrando), Adão Libório de Albuquerque (primo) e o ex-sargento Alex Fernandes Barros. A Promotoria pede pena máxima para os acusados.
Agência Estado com foto de STAJ (AC24horas)
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