AUTOATENDIMENTO

sábado, 26 de setembro de 2009

Para Marina, desafio será crescer sabendo proteger






Senadora do PV diz que o futuro presidente deve fazer a transição para o século XXI.








Pedro Alves
Especial para O POVO




Para a senadora acriana Marina Silva (PV), pré-candidata à Presidência da República, o desafio para o Brasil na disputa eleitoral do próximo ano será eleger um nome que seja capaz de promover a transição do País do século passado para século XXI, através da adoção de uma agenda de sustentabilidade que imponha novos procedimentos no planejamento de todos os setores da vida social. "Em relação a sustentabilidade, o Lula ainda governa como no século passado. O nosso esforço é para que se possa transitar para o século XXI".




Só assim, diz a senadora, o Brasil evitará "graves prejuízos" que terão consequências para além do meio ambiente, atingindo também a economia do País. Segundo ela, a maioria dos partidos políticos no Brasil ainda não tem sensibilidade para promover essa transição. "Nós vamos atravessar o século XXI tendo que resolver a seguinte equação: como desenvolver protegendo e como proteger desenvolvendo. O Lula ainda lida com essa questão como no século passado e o nosso desafio é avançar nesta agenda", disse a senadora, em entrevista ontem no programa Debates Especiais Grandes Nomes, transmitido pela rádio O POVO/CBN e pelo portal O POVO Online, em Fortaleza (CE).




Ela disse que sua saída do Partido dos Trabalhadores (PT) não se deu pela questão eleitoral, já que o PV já havia tomado a decisão de ter candidato próprio, independentemente. A saída teria sido por questão ideológica. "Eu fiz o capítulo de meio ambiente para a campanha do PT duas vezes.
Mas eu entendo que a sustentabilidade tem que passar por todas as áreas". Ex-ministra de Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva afirmou que sua saída do ministério, em 2008, está relacionada à dificuldade de manter critérios de sustentabilidade e preservação do meio ambiente, já que estes acabavam batendo de frente com outros projetos do governo, mais prioritários, o que acabava gerando conflitos entre o Meio Ambiente e outros ministérios, como Minas e Energias, Transportes e Agricultura.
Segundo ela "não havia mais como tomar algumas medidas no sentido de colocar a sustentabilidade como critério para a ação dos demais setores" o centro desses conflitos, na maioria das vezes, estava a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT).

"Ela (Dilma) tem uma visão muito desenvolvimentista, mas não chega a ser a materialização dos conflitos (entre os interesses dos ministérios). Os embates passavam por ela por causa do seu papel de coordenar a Casa Civil. Não tinha nada de pessoal", explicou Marina.








Carlos Minc

Marina Silva respondeu às declarações do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, para quem o Ministério está adotando "as medidas que faltavam" antes para intensificar o combate ao desmatamento na Amazônia. A senadora se mostrou desconfortável com as criticas de Minc.




Ela disse ter implantado uma grande operação de combate ao desmatamento que reduziu o índice de 24 mil quilômetros de desmatamento para 12 mil quilômetros. "Nós temos que convir que a redução do desmatamento para 9 mil quilômetros, que o Minc está comemorando, foi até fácil, se considerarmos que ele já chegou ao Ministério com uma série de medidas anti-desmatamento em curso". Marina Silva embarcou ontem para Brasília.




Além da entrevista ao Grupo de Comunicação O POVO, deu palestra na Fa7 e participou de evento na Assembleia Legislativa do Ceará.






PERFIL DE MARINA SILVA
Maria Osmarina Silva de Lima, 51 anos, é acreana e filha de cearenses. Aprendeu a ler aos 16 anos, pois não havia escolas no seringal onde nasceu. Ao se mudar para Rio Branco (AC), onde foi se tratar de hepatite, alfabetizou-se pelo antigo Mobral. Formou-se em História pela Universidade Federal do Acre, aos 26 anos.




Junto com Chico Mendes, em 1984, fundou a Central Única dos Trabalhadores no Acre. No ano seguinte, filiou-se ao PT. Em 1988, foi eleita vereadora de Rio Branco. Dois anos depois, elegeu-se deputada estadual e, em 1994, aos 36 anos, tornou-se a mais jovem senadora da história. Em 2002, foi reeleita com o triplo da votação. Foi ministra do Meio Ambiente do governo Lula de janeiro de 2003 a maio de 2008.





ENTREVISTADORES - Plínio Bortolotti. Diretor Institucional do Grupo O POVO - Nazareno Albuquerque. Jornalista e publicitário - Guálter George Editor executivo do Núcleo de Conjuntura do O POVO - Érico Firmo. Editor adjunto do Núcleo de Conjuntura do O POVO - Jocélio Leal. Editor da coluna Vertical S/A do O POVO.

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