WILSON TOSTA - Agência Estado
RIO - Virtual candidata do PV à Presidência da República, a senadora Marina Silva (AC) criticou hoje a aprovação, segundo ela sem debate, pelo Congresso Nacional, do acordo pelo qual o Brasil comprou da França helicópteros e submarinos, em negociação feita pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolas Sarkozy.
A parlamentar afirmou que o acerto com os franceses "entrou como (projeto) extra pauta" no Legislativo e foi aprovado "de força açodada. "Uma coisa como essa não se faz dessa forma", declarou.
Marina evitou, contudo, criticar diretamente o conteúdo dos contratos, que resultarão no aumento do poderio militar brasileiro, inclusive com a construção de um submarino a propulsão nuclear - tabu para os partidos verdes de todo o mundo."Olha, não diria que a gente possa fazer um julgamento a priori", disse a senadora, após cerimônia de lançamento do material de divulgação da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010, aos pés do Cristo Redentor.
"Obviamente, existem as prioridades, existe um olhar estratégico para as necessidades do País, que podem ser atendidas nas diferentes áreas. O problema é quando essa hierarquização não é feita de forma transparente, com as pessoas sabendo exatamente o que foi feito." Para ela, "há que ter transparência".
"Se há possibilidade de ser entendido pela sociedade, se faz o julgamento. Infelizmente, sequer o debate houve."Marina elogiou o crescimento do investimento social federal - de R$ 8 bilhões para R$ 30 bilhões a mais por ano, durante o atual governo em relação ao anterior -, mas ressaltou que o desafio é "tirar as pessoas da dependência" e colocá-las "na inclusão produtiva". "A economia do século 21 precisará de investimentos.
E ela combinará três coisas: a melhoria da vida das pessoas, preservação dos recursos naturais e a geração de oportunidades de vida para a maioria da população do planeta", pregou.
A Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010, com apoio das Igrejas Católica, Ortodoxa e denominações protestantes, tem como tema "Economia e Vida", e como lema "Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro" (Matheus, 6, 24).
O texto-base tem críticas aos problemas sociais brasileiros, à falta de assistência aos pobres e às igrejas que têm como prioridade arrecadar recursos dos fiéis.
A campanha será lançada na Quarta-Feira de Cinzas.Candidatura - Apesar de abraçada por eleitores que a estimulavam a concorrer à Presidência, a senadora voltou a dizer que só decidirá se concorrerá à Presidência em 2010.
Ela criticou a antecipação da campanha eleitoral, que, afirmou, causa problemas à administração pública. Mais cedo, Marina participara de almoço na casa do empresário João Augusto Fortes, na Fonte da Saudade, na zona sul do Rio, com cerca de 30 pessoas, entre elas a atriz Letícia Sabatella e o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil. Gil reafirmou seu apoio à candidatura da senadora.
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