Jaidesson Peres
Depois de terem modificado parcialmente a versão dos fatos em juízo, as irmãs Ana Paula Martins de Oriar e Ana Maria Martins de Oriar resolveram levar em frente as acusações que pesam contra o prefeito de Sena Madureira, Nílson Areal, por compra de votos em troca de telhas. Em depoimento prestado à Polícia Federal no mês de junho, no mesmo dia em que a juíza Thais Queiroz Borges cassou o mandato de Areal, as irmãs Oriar declararam que, de fato, as telhas foram entregues na residência de seu pai, José Pereira de Oriar, e quem as doou foi o prefeito. Na ocasião, as mulheres disseram que o motivo para terem mudado a versão dos fatos perante a Justiça se deve a um homem conhecido por Chico Conegune, o qual teria pedido para não incriminar Nílson Areal.
O acontecimento em questão reporta-se à denúncia anônima de 29 de setembro de 2008 pela qual se apreendeu uma caminhonete Toyota no bairro Ana Vieira, placa MZT 6366, dirigida por Everaldo Pinheiro Gomes Martins e Ednilson Alencar de Almeida, em que havia 155 telhas de amianto. O veículo pertencia à Cerâmica Silveira e, segundo a apuração da PF, estava sendo usado para distribuir telhas aos eleitores do bairro Ana Vieira, a mando do então candidato Nílson Areal.
Por meio de informações do motorista da caminhonete, os agentes da PF recolheram ainda mais 20 telhas de amianto pertencentes a José Pereira de Oriar, as quais supostamente teriam sido entregues e doadas por Nílson Areal às suas filhas - Ana Paula Martins de Oriar e Ana Maria Martins de Oriar. Também o motorista informou que já tinham sido entregues outras 15 telhas a Benedita Silva Ferreira e a Marivaldo de Souza Ferreira, dessa vez oferecidas pelo cabo eleitoral Antônio Pereira da Silva.
Outro fato incluso na investigação da PF se refere à doação de 180 reais, atribuída a um partidário chamado Francisco Joaquim de Lima, dirigida a Luciano da Silva Araújo para comprar 20 telhas na Cerâmica Silveira.
Conforme o parecer da juíza de Sena Madureira, uma reunião política se realizou na casa de uma senhora identificada como Juliana, no bairro Ana Vieira (às vésperas das eleições), onde estava o prefeito Nílson Areal. As irmãs Oriar aproveitaram a oportunidade para pedir ao prefeito telhas para cobrir a casa delas. O prefeito logo negou, mas depois afirmou que poderia conceder o pedido. Areal teria perguntado se confiaria nelas, quando uma teria dito que os votos estavam garantidos e não contaria nada a ninguém.
Nos três depoimentos, as irmãs Oriar mostraram contradição em relação ao documento que permitia a posse das telhas. A versão mais verossímil, segunda a juíza, seria a do pai delas, José Pereira de Oriar. Ele sustentou que as filhas chegaram de uma reunião na qual estava o prefeito e entregaram a elas um documento pedindo-lhe para solicitar na Cerâmica Silveira a entrega das telhas. José foi à cerâmica com o documento, e o entregou aos funcionários, depois voltou a recebê-lo quando as telhas chegaram à sua casa.
Em juízo, outra testemunha repete que foi visitado por Areal, o qual entregou um papel para autorização de entrega das telhas pela Cerâmica Silveira. Sebastião Freire Dias conta que entregou o documento ao comércio para entrega na residência de Francisco Faustino, entretanto as telhas não chegaram ao lugar indicado. De acordo com Sebastião, o prefeito nessa ocasião visitava a casa da irmã dele, onde não pediu votos, nem distribuiu “santinhos”. Relata o pedido de 50 reais que fez a Areal, sendo que o dinheiro foi entregue no mesmo dia, por um rapaz desconhecido.
Quanto à Cerâmica Silveira, um fato chama a atenção. A empresa é propriedade de Antônio Gadelha da Silveira, famoso na cidade pelo apelido de “Paciência”. Paciência é dono também da construtora Konstruir e aliado incondicional de Nílson Areal. As duas empresas são responsáveis pelo fornecimento de material de construção à Prefeitura. Além do mais, Chico Conegune, o que se empenhou para que a família Oriar mudasse de opinião no interrogatório, é um empresário que executa várias obras da Prefeitura.
Areal venceu as eleições contra a sua adversária Toinha Vieira por 9.555 votos, mas tem seu mandato sub judice em decorrência da suspeita de compra de votos. O julgamento do mérito do recurso impetrado pela coligação Frente Popular de Sena ocorre nesta quinta-feira, 19. Questionou-se ainda o resultado das eleições em Sena Madureira em razão dos fortes indícios de fraudes no processo eleitoral.
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