Senadores do DEM, PT, PSDB, PDT e PSB que defendem o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado reagiram à ofensiva promovida pelos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-DF) e pretendem unir forças para obrigar o Sarney a se afastar da presidência do Senado. Em reunião que terminou no começo da tarde os líderes desses partidos decidiram pressionar pela saída de Sarney do comando do Senado - desta vez, não em discursos individuais, mas por meio de nota, assinada pelas cinco legendas, que o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), apelidou de "frente pela dignidade do Senado". O fechamento do acordo depende ainda do consentimento do senador Antonio Carlos Valladares (PSB-SE) e de uma decisão do líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), que deverá consultar a bancada.
Ontem, Collor e Calheiros engrossaram o discurso em defesa a Sarney e trocaram acusações com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), quando o parlamentar gaúcho pediu a renúncia de Sarney do comando da Casa. Calheiros disse que Simon acusava José Sarney porque era ressentido por não ter sido indicado pelo PMDB para ser vice-presidente na chapa de Tancredo Neves, em 1984, quando Sarney foi indicado em seu lugar. Collor chegou a pedir que Simon "engolisse as palavras", quando o gaúcho citou um evento de sua trajetória política.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), disse que a atitude dos senadores que apoiam Sarney foi "condenável". "O Brasil merece o respeito à figura do senador Pedro Simon", disse Guerra. "Não ameaçamos ninguém, e não aceitamos ameaça de ninguém. Isso não é conversa de democrata, é conversa de mafioso". Na avaliação de Arthur Virgílio (AM) a "radicalização" dos discursos de Calheiros e Collor, ontem, em plenário, "foi um tiro no pé". "Foi um grande tiro pela culatra, não podia ter sido um tiro mais certeiro no pé. A opinião pública toda assistiu e percebeu que era a briga entre os 'the bads' e os 'the goods'".
Agência Estado
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