Em coletiva nesta quinta-feira, governador falou sobre a saída da Senadora do Partido dos Trabalhadores
Tatiana Campos
Desde a campanha para o Centro Acadêmico de História, na Universidade Federal do Acre, entre 1982 e 1983, esta será a primeira vez que o Arnóbio Marques, ou "Binho", hoje governador do Acre, não acompanhará Marina Maria Osmarina Silva de Lima nas decisões políticas.
Marina Silva, militante e fundadora do Partido dos Trabalhadores no Acre, da Central Única dos Trabalhadores e de um sonho, o de ver o Acre desenvolvido de forma sustentável e com respeito à floresta, não terá o voto do amigo, irmão e compadre Binho, caso seja candidata a presidente da República pelo Partido Verde (PV).
Durante coletiva na manhã desta quinta-feira o governador do Acre precisou abrir o coração para falar sobre a saída de Marina do PT e uma possível candidatura dela à presidência. Abriu o coração porque pela primeira vez em mais de trinta anos de amizade, a escolha política partidária não é a mesma entre os dois.
"Ela não rompeu com o PT, não rompeu com o projeto. O que ela quer é exatamente o que nós queremos. O que pode se diferenciar é o caminho para chegar lá. Para mim, o caminho é este que estou seguindo. É continuar no PT, partido que abriga a minha história.
Tentei convencer a Marina disso e não consegui", disse Binho, se apressando para explicar aos jornalistas de outros Estados que no Acre as coisas são diferentes, embora difícil de entender. "Há uma compreensão desse fato entre todos do partido e isso é algo perfeitamente possível. Marina é muito querida. A amizade, admiração e o respeito continuam intactos. Não serão tocados pela saída dela do PT".
Marina Silva não se convenceu a não deixar o Partido dos Trabalhadores, mas um sentimento é unânime entre os colegas que ficam: o respeito por Marina e por suas decisões. "Primeiro percebi o desinteresse dela em uma reeleição para o Senado. De uns tempos para cá vinha sendo muito difícil animar a Marina para concorrer a um cargo. Sabia que não seria candidata a senadora, principalmente pelo PT. Depois vi que a saída dela do partido era um processo irreversível. Mas conheço a Marina. Ainda não é certo que ela seja candidata a presidência. Ela pode não ser candidata a nada", analisou Binho.
Indagado sobre seu voto caso Marina dispute com o PT a sucessão presidencial, Binho foi claro, firme e direto. Não titubeou ao responder que como militante dos mais rígidos, dono de uma postura ética e uma disciplina herdada da militância em partido comunista seu voto não poderia ser outro. Votará no candidato do Partido dos Trabalhadores. "Com o coração partido e sofrendo muito, não tenham dúvida. Adoro a Marina", confessou.
Candidata natural do PT à uma das duas vagas do Senado, Marina deixa uma dúvida sobre quem vai disputar o cargo. "A Frente Popular tem vinte anos no Acre e muitos quadros bons. Ela ficou unida em torno do meu nome para governo quando eu era apenas traço nas pesquisas. Não tenho dúvida de que este não será o problema. Temos gente qualificada para esta disputa", disse.
Sobre uma possível candidatura ao Senado, Binho, logo após afirmar que tem compromisso com o PT e é fiel às causas partidárias, foi categórico ao dizer que não é candidato e não será.
"Ao sair para o governo houve um compromisso de que eu não seria mais candidato a nada. Não tenho este perfil de parlamentar. Se o próximo governador quiser me contratar para ser secretário eu aceito. Caso não, vou gostar muito de trabalhar nas ZAPs [Zonas de Atendimento Priorioritário] ou na Usina de Arte", comentou.
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