Na capital do Acre, Rio Branco, apenas três drogarias do setor privado mantêm farmacêuticos no atendimento ao público consumidor de medicamentos. São as drogarias: Globo do Bosque, Pague Menos do Centro e Araújo do Aviário. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa –, cabe ao profissional zelar pela manutenção da qualidade e segurança dos produtos ofertados.
“Temos que fazer poucas mudanças para adaptar-nos às novas regras”, comenta o farmacêutico da Drogaria Globo, Geraldo Selhorst, 57 anos, que cumpre uma carga horária que, às vezes, chega a passar das oito horas diárias. Geraldo terá que providenciar uma nova farda para se diferenciar dos demais funcionários, é o que diz a nova legislação.
A resolução de número 44, publicada nesta segunda-feira 17, pela Anvisa, prevê mudanças profundas nas drogarias e farmácias. Vai da obrigação de uso de toalhas descartáveis nos banheiros, passando por exigências de que funcionários usem uniformes devidamente limpos, culminando na proibição da venda de objetos estranhos às drogarias como, por exemplo, refrigerantes e chocolates, que são produtos corriqueiros na maioria desses estabelecimentos comerciais.
A farmacêutica Ana Valéria de Souza, 27 anos, acredita que o acordo salarial entre técnicos e donos de drogarias será o maior desafio. “Muitos bioquímicos e farmacêuticos são empregados do governo [estadual e/ou municipal]. Restarão alguns poucos disponíveis no mercado, e estes terão que ter um salário bem atrativo para passar oito horas diárias à frente de uma drogaria”, analisa.
“Três salários mínimos é o que ganha a maioria desses profissionais [farmacêuticos]. Eles não chegam a cumprir sequer uma única hora em todo o mês. Apenas assinam os papéis, pegam o dinheiro e vão embora”, afirma um dono de drogaria que pede para não ser identificado.
Há três meses, a Drogaria Bela Farma batalha para contratar um farmacêutico, e não consegue. “Já enviei duas cartas ao Conselho Regional de Farmácias, e ainda estou sem resposta”, informa o proprietário da Bela Farma, José Maria Assis Alencar, 34 anos.
“O fato de apenas três drogarias, no universo de quase uma centena, possuir farmacêutico de plantão deflagra a ausência de uma política pública de saúde para o setor. Os empregos existem, o que falta são profissionais qualificados dispostos ao trabalho”, lembra outro proprietário de uma drogaria no bairro Floresta.
O Acre não dispõe de curso superior de farmácia. Como o Estado não forma profissionais na área - não resta alternativa -, tem que importá-los de outros Estados. É o que planeja fazer Edson Oliveira, 35 anos, proprietário da Rede Drogaria Popular. “Se for necessário, irei a São Paulo contratar. Mas o que quero mesmo é empregar pessoas do nosso Acre. Alguns dos nossos farmacêuticos acabaram de passar no concurso do Estado. Mas garanto que, dentro do prazo de seis meses, cumpriremos as novas regras”, declara.
O proprietário da Drogaria Pague Menos do Bosque, Marcos Roberto, 29 anos, avalia que todas as drogarias do Acre terão dificuldades para cumprir as novas regras. “É necessário um entendimento entre todos: drogarias, Anvisa e farmacêutico”, finaliza.
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