Reuters
A eventual candidatura à Presidência da senadora Marina Silva (PT-AC) pelo PV trouxe frescor ao cenário político nacional e preocupação, principalmente, aos aliados da pré-candidata Dilma Rousseff (PT), pelo potencial de transferência de votos.
O PV vai além e acredita que a campanha do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), líder das sondagens, também será afetada. Um tarimbado analista de pesquisa eleitoral, no entanto, se mostra descrente, classificando a iniciativa de "simbólica".
Ex-ministra que empunha a bandeira da defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, com forte ênfase na Amazônia, Marina tem chance de atrair votos principalmente da classe média informada e preocupada com a preservação ambiental.
Na disputa direta com Dilma, pesaria não apenas sua trajetória política como a disputa pelo voto feminino. "Ela claramente é um figura com imagem positiva, biografia respeitável e tem entrada em certos setores de esquerda, os mesmos aos quais Dilma se dirige", disse o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG.
Mesmo o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), acredita que Marina corre na mesma raia eleitoral que Dilma. "Ela tem um perfil mais próximo do eleitor do PT. Se for candidata, estaria mais no nosso campo", disse o deputado. "Não duvido que possa ter esse efeito [tirar votos de Dilma]."
Pesquisa divulgada pelo PV indica que Marina tem, dependendo do cenário de candidatos previsto para 2010, entre 10% e 28%. A sondagem telefônica encomendada ao Ipespe, instituto do sociólogo Antonio Lavareda, entrevistou 2.000 eleitores. Em um embate com Dilma, Serra, o deputado Ciro Gomes (PSB) e a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), Marina teria 10%.
A decisão da senadora de trocar o PT pelo PV, partido que lhe convidou há duas semanas para disputar a sucessão de 2010, será tomada nos próximos dias, no mais tardar até o fim de agosto, de acordo previsão de integrantes das duas legendas.
Nesse período, ela está conversando com políticos, na maioria petistas do Acre, seu Estado de origem. Ela viajou para Rio Branco nesta sexta-feira e passou o fim de semana em contatos, segundo sua assessoria.
O PT, sigla em que Marina milita há 30 anos, promete tentar convencê-la a não deixar a legenda, mesmo tendo claro que ela está descontente com o partido e com o governo Lula ao afirmar que não há prioridade para a questão ambiental em ambos. A primeira conversa ao vivo com Berzoini deve ser nesta terça-feira.
Ela já recebeu apelos não apenas de Berzoini, mas do candidato a presidente do partido, José Eduardo Dutra, e do atual secretário-geral, deputado José Eduardo Cardozo (SP).
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"Não podemos abrir mão da Marina, mas não podemos obrigá-la a ficar", disse Berzoini. Ele afirma que o projeto do partido para o país inclui a dimensão do meio ambiente, "mas pode estar menos presente do que ela gostaria".
Leonardo Brito, presidente do PT do Acre, nem conta com a saída da companheira. "Não trabalho com a hipótese dela sair. Com 30 anos no PT, ela deve ficar onde tem espaço para o debate do desenvolvimento sustentável", disse.
Marina, de 51 anos e no segundo mandato no Senado, pediu demissão da pasta do Meio Ambiente em maio de 2008 em meio a pressões em torno do licenciamento ambiental de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), comandado por Dilma.
A desavença final veio da decisão de Lula de encarregar o então ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) de tocar o projeto de desenvolvimento da Amazônia. Ela havia assumido o posto em 2003.
PV
Um dos principais articuladores do convite feito à senadora, o vice-presidente do PV e vereador Alfredo Sirkis, acredita que, com base na pesquisa encomendada pela legenda, a candidatura de Marina incomoda o PT e o PSDB.
"Ela tira votos da ministra [Dilma] porque é mulher e é do PT e do Serra pela classe média progressista que vota nele meio a contragosto."
Sirkis e o deputado Fernando Gabeira já concorreram à sucessão presidencial pelo PV. A legenda, no entanto, é rachada entre o apoio ao governo Lula no nível nacional e a Serra em São Paulo. "A Marina unifica o PV 100%", disse Sirkis.
Pesquisa
Enquanto Sirkis admite que a pesquisa, por ser telefônica, tem restrições, mas avalia que ainda assim aponta uma tendência, o sociólogo e diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, é descrente dos resultados da sondagem divulgada pelo partido. Duvida ainda da capacidade de a senadora atrair votos dos líderes das sondagens.
"Me surpreendem os números. São altos os números dela [Marina]", disse Coimbra, que comanda o instituto há 25 anos.
Ele argumenta que o melhor cenário atual para Dilma, de 20%, está atrelado à alta exposição da "mãe do PAC", enquanto a senadora, mesmo tendo sido ministra, não tem sua imagem veiculada na mesma proporção. "Acho melhor aguardar outras pesquisas."
A não ser que haja uma "extraordinária surpresa", diz o especialista, Marina não retirará votos de "maneira significativa" da ministra Dilma. "Deverá ser uma candidatura quase simbólica, como foi a do senador Cristovam Buarque." O senador concorreu à Presidência pelo PDT em 2006.
A eventual candidatura à Presidência da senadora Marina Silva (PT-AC) pelo PV trouxe frescor ao cenário político nacional e preocupação, principalmente, aos aliados da pré-candidata Dilma Rousseff (PT), pelo potencial de transferência de votos.
O PV vai além e acredita que a campanha do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), líder das sondagens, também será afetada. Um tarimbado analista de pesquisa eleitoral, no entanto, se mostra descrente, classificando a iniciativa de "simbólica".
Ex-ministra que empunha a bandeira da defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável, com forte ênfase na Amazônia, Marina tem chance de atrair votos principalmente da classe média informada e preocupada com a preservação ambiental.
Na disputa direta com Dilma, pesaria não apenas sua trajetória política como a disputa pelo voto feminino. "Ela claramente é um figura com imagem positiva, biografia respeitável e tem entrada em certos setores de esquerda, os mesmos aos quais Dilma se dirige", disse o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da UFMG.
Mesmo o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), acredita que Marina corre na mesma raia eleitoral que Dilma. "Ela tem um perfil mais próximo do eleitor do PT. Se for candidata, estaria mais no nosso campo", disse o deputado. "Não duvido que possa ter esse efeito [tirar votos de Dilma]."
Pesquisa divulgada pelo PV indica que Marina tem, dependendo do cenário de candidatos previsto para 2010, entre 10% e 28%. A sondagem telefônica encomendada ao Ipespe, instituto do sociólogo Antonio Lavareda, entrevistou 2.000 eleitores. Em um embate com Dilma, Serra, o deputado Ciro Gomes (PSB) e a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), Marina teria 10%.
A decisão da senadora de trocar o PT pelo PV, partido que lhe convidou há duas semanas para disputar a sucessão de 2010, será tomada nos próximos dias, no mais tardar até o fim de agosto, de acordo previsão de integrantes das duas legendas.
Nesse período, ela está conversando com políticos, na maioria petistas do Acre, seu Estado de origem. Ela viajou para Rio Branco nesta sexta-feira e passou o fim de semana em contatos, segundo sua assessoria.
O PT, sigla em que Marina milita há 30 anos, promete tentar convencê-la a não deixar a legenda, mesmo tendo claro que ela está descontente com o partido e com o governo Lula ao afirmar que não há prioridade para a questão ambiental em ambos. A primeira conversa ao vivo com Berzoini deve ser nesta terça-feira.
Ela já recebeu apelos não apenas de Berzoini, mas do candidato a presidente do partido, José Eduardo Dutra, e do atual secretário-geral, deputado José Eduardo Cardozo (SP).
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"Não podemos abrir mão da Marina, mas não podemos obrigá-la a ficar", disse Berzoini. Ele afirma que o projeto do partido para o país inclui a dimensão do meio ambiente, "mas pode estar menos presente do que ela gostaria".
Leonardo Brito, presidente do PT do Acre, nem conta com a saída da companheira. "Não trabalho com a hipótese dela sair. Com 30 anos no PT, ela deve ficar onde tem espaço para o debate do desenvolvimento sustentável", disse.
Marina, de 51 anos e no segundo mandato no Senado, pediu demissão da pasta do Meio Ambiente em maio de 2008 em meio a pressões em torno do licenciamento ambiental de obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), comandado por Dilma.
A desavença final veio da decisão de Lula de encarregar o então ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) de tocar o projeto de desenvolvimento da Amazônia. Ela havia assumido o posto em 2003.
PV
Um dos principais articuladores do convite feito à senadora, o vice-presidente do PV e vereador Alfredo Sirkis, acredita que, com base na pesquisa encomendada pela legenda, a candidatura de Marina incomoda o PT e o PSDB.
"Ela tira votos da ministra [Dilma] porque é mulher e é do PT e do Serra pela classe média progressista que vota nele meio a contragosto."
Sirkis e o deputado Fernando Gabeira já concorreram à sucessão presidencial pelo PV. A legenda, no entanto, é rachada entre o apoio ao governo Lula no nível nacional e a Serra em São Paulo. "A Marina unifica o PV 100%", disse Sirkis.
Pesquisa
Enquanto Sirkis admite que a pesquisa, por ser telefônica, tem restrições, mas avalia que ainda assim aponta uma tendência, o sociólogo e diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, é descrente dos resultados da sondagem divulgada pelo partido. Duvida ainda da capacidade de a senadora atrair votos dos líderes das sondagens.
"Me surpreendem os números. São altos os números dela [Marina]", disse Coimbra, que comanda o instituto há 25 anos.
Ele argumenta que o melhor cenário atual para Dilma, de 20%, está atrelado à alta exposição da "mãe do PAC", enquanto a senadora, mesmo tendo sido ministra, não tem sua imagem veiculada na mesma proporção. "Acho melhor aguardar outras pesquisas."
A não ser que haja uma "extraordinária surpresa", diz o especialista, Marina não retirará votos de "maneira significativa" da ministra Dilma. "Deverá ser uma candidatura quase simbólica, como foi a do senador Cristovam Buarque." O senador concorreu à Presidência pelo PDT em 2006.
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