O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), ex-ministro da Educação, sustentou em discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez apenas "pequenos avanços tímidos" na educação básica do país, mas investiu nas universidades e nas escolas técnicas "porque dão voto".
Ele lamentou que o brasileiro médio não considere importante a educação, inclusive porque "ninguém é considerado rico por ser culto". Observou que, "infelizmente, o que conta no Brasil é o contra-cheque, a conta bancária, o tamanho do carro".
- Lamento que o presidente Lula, com seu carisma, não tenha nos ajudado a mudar a cabeça dos brasileiros, trazendo o discurso claro de que o futebol é a alegria do povo, mas o futuro do povo é a educação. Nesses seus mais de seis anos de governo, ele não foi à televisão dizer da importância da educação. Ele prefere, sintonizado com o povo, dar mais importância ao futebol - continuou.
Cristovam Buarque iniciara o discurso dizendo que a principal foto dos jornais desta quarta-feira (13) mostra o presidente Lula e o jogador de futebol Ronaldo cabeceando uma bola. Para ele, os jornais e o presidente estão certos, pois o brasileiro gosta mesmo de futebol. Lembrou a declaração do presidente de que o governo tem R$ 30 bilhões para o Brasil realizar a Copa Mundial de Futebol e as Olimpíadas e questionou: "Por que não tem 7 bilhões de reais para melhorar a educação?"
O senador disse ainda que a população mais pobre do país vê a escola como "um restaurante mirim", enquanto os mais ricos consideram a educação de seus filhos "uma caderneta de poupança". Cristovam ensinou que a renda no mundo moderno não vai mais para quem fabrica uma peça ou equipamento, mas para quem inventa uma peça ou uma máquina. Para inventar, entretanto, há necessidade de educação generalizada e de bom nível.
Ao final do discurso, o ex-ministro da educação disse que, considerando que até hoje o presidente Lula não investiu maciçamente na educação básica, não concorda com a possibilidade de se mudar a Constituição para que ele possa disputar um terceiro mandato. Ou seja, em um eventual terceiro mandato a educação dificilmente passaria a ser prioridade para o presidente.
Agência Senado
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