Coluna Direito Cidadão
Todas terças e sextas
O consumidor interessado em comprar um imóvel financiado deve esperar por pelo menos mais dois meses, na opinião do vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. Segundo ele, as taxas de juros, que já estão sendo reduzidas pelos bancos, devem cair ainda mais, com a percepção de melhora na economia e com as reduções da taxa básica de juros, a Selic.
Na última semana, o Banco do Brasil e a Caixa anunciaram redução de juros, com condições diferenciadas de acordo com a forma de pagamento das prestações, ou se o interessado é correntista, por exemplo. Bancos privados, como o Bradesco, também estão de olho no mercado. Em maio, a instituição anunciou a ampliação do prazo de financiamento da casa própria de 25 para 30 anos em todas as modalidades previstas no Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e anunciou redução de taxas. Confira dicas do especialista sobre a compra de imóveis financiados.
Agência Brasil - As condições para a compra de imóveis estão melhorando?
Miguel José Ribeiro de Oliveira - Depois que a crise financeira internacional se agravou, principalmente no período de setembro de 2008 até fevereiro deste ano, os bancos subiram as taxas de juros, encurtaram o prazo de financiamento e passaram a ser mais seletivos. Estavam preocupados com a possibilidade de que a crise pudesse se agravar e levar à inadimplência de seus clientes. Os bancos públicos, pressionados pelo governo, passaram a emprestar mais para compensar a queda na oferta de crédito dos bancos privados. Passado esse momento, os bancos perceberam que tinha boas oportunidades pela frente e que os públicos pegaram o espaço deles e voltaram a emprestar. Atualmente, há uma competição maior nesse segmento, o que possibilita aos consumidores melhores condições. Os bancos vêm alongando prazos. Atualmente é possível encontrar prazo de até 30 anos. Tem os bancos anunciando redução das taxas de juros e em algumas situações financiando 100% do valor do imóvel. Entretanto, essas condições tenderão a ficar ainda melhores. Mas aquele consumidor que não pode esperar, é importante ficar atento para não comprometer demais a renda, preferencialmente escolher o sistema Sacre Sistema de Amortização Crescente que possibilita pagar a um custo menor. Claro que tem uma desvantagem porque as parcelas inicialmente são maiores. Mas a dívida é amortizada de forma mais rápida. O consumidor deve prestar atenção também que quando vai comprar o imóvel, além dos juros, tem seguros e a Taxa Referencial (TR).
ABr - Quanto tempo mais aqueles que querem financiar um imóvel devem esperar?
Oliveira - As condições de crédito no segundo semestre vão estar melhores. Daqui a dois ou três meses, haverá uma quantidade maior de bancos oferecendo condições melhores, o que possibilita uma competição maior e beneficia os consumidores. Taxas menores, prazos maiores, menor burocracia no sentido de que deve haver uma liberação maior.
ABr - Os efeitos da crise no financiamento imobiliário estão passando?
Oliveira - Tenho a convicção de que o pior da crise já passou, o que se reflete na própria atitude dos bancos. Se os bancos acreditassem que a situação estaria complicada, não fariam o que estão fazendo agora. Agregado a isso, temos a Selic sendo reduzida, o que possibilita aos bancos continuar reduzindo as taxas de juros.
ABr - Qual é o feito da Selic nas taxas de juros de financiamento de imóveis?
Oliveira - A Selic é uma taxa de juros que referencia todas as demais. Quando a Selic sobe, todas as taxas de juros sobem. Por se tratar de financiamento de longo prazo e de alto valor, qualquer um ponto percentual de redução da Selic traz uma enorme efeito no custo do financiamento de imóveis.
ABr - Os bancos estão realmente baixando os juros ou só estão retomando ao patamar anterior à crise?
Oliveira - Aconteceram as duas coisas. Alguns bancos subiram as taxas de juros no momento de crise e agora, passado aquele momento, estão levando as taxas aos patamares que cobravam anteriormente. Mas também tivemos bancos que mantiveram a taxa e agora, acreditando que a economia vai ficar melhor, baixaram os juros. Tanto aquele banco retornou à taxa anterior como o que reduziu vai continuar reduzindo. A competição está se iniciando nesse segmento e vai levar a queda mais fortes nas taxas de juros.
ABr - Qual a diferença entre os sistemas de amortização Price (Sistema Francês de Amortização), Sacre e SAC (Sistema de Amortização Constante)?
Oliveira - Quando você faz um financiamento, paga sempre os juros sobre o saldo devedor. Entretanto, tem alguns tipos de sistema que definem como vai ser amortizada a dívida. Tem o sistema Price, que é o mais conhecido pelos brasileiros, em que você paga parcelas iguais durante o financiamento. Tem o sistema Sacre, que é crescente, adotado pela Caixa, em que as prestações iniciais são maiores e vão sendo reduzidas a cada 12 meses. O SAC, usado tanto pela caixa quanto por bancos privados, é muito parecido com o Sacre. Como com esses dois sistemas, você começa igualmente a amortizar mais no início do financiamento. Para se ter uma idéia, no caso de um financiamento de dez anos, o consumidor que optar pelo sistema Price vai pagar 10% a mais do que pagaria nos outros dois sistemas.
ABr - Para quem não tem disciplina para juntar dinheiro, o financiamento pode ser uma boa opção, já que a pessoa terá que reservar os recursos para pagar as prestações?
Oliveira - Em qualquer hipótese é melhor juntar dinheiro para comprar à vista ou para financiar uma parcela menor do valor do imóvel. Assim, o consumidor economiza com juros. Mas para aquele consumidor que não é muito regrado, a melhor indicação é o sistema de consórcio, porque vai ter a obrigatoriedade de pagar todo o mês.
ABr - E o financiamento é melhor opção do que pagar aluguel?
Oliveira - Hoje em dia, eu diria que sim. As condições de crédito melhoraram, o que possibilita pagar o mesmo valor de um aluguel. Atualmente, os juros de financiamento estão, em média, entre 0,90% e 1% ao mês. O aluguel corresponde em geral de 0,80% a 1% do preço do imóvel.
ABr - Quais são as dicas na hora de pesquisar nos bancos?
Oliveira - Estamos falando que as taxas de juros estão caindo. Mas isso não quer dizer que todas as taxas estejam iguais e que todos os bancos reduziram. Nem sempre que os bancos dizem que reduziram os juros, a redução foi para todas as categorias. Às vezes, caíram para financiamento de dez anos, por exemplo, ou em uma situação em que o consumidor ofereça uma boa entrada. A melhor alternativa é pesquisar muito. O consumidor deve procurar o seu banco e os demais para saber quais são a taxa de juros e os demais encargos. Ele só vai saber onde é mais barato, se fizer uma comparação de custos.
Agência Brasil
Artigos anteriores:
Caixa reduz juros para crédito imobiliário
Professores e médicos poderão renegociar dívida do...
Banco do Brasil e Caixa terão R$ 100 milhões para ...
Cepal afirma que Brasil tem maior carga tributária...
Novas normas do SAC: lei de fato ou de direito?
Lei que obriga planos a custear vasectomia e laque...
Minha casa, minha vida: Quem tem nome sujo pode pa...
Dívidas Impagáveis
Crédito consignado exige cautela
Cliente que desiste de consórcio receberá parcelas...
Transparência
Consumidor que pede revisão de conta não pode ter ...
Mesmo com dívida, consumidor pode cancelar o cartã...