Bruno Garcez
Da BBC Brasil em Washington
Marina Silva disse que nações ricas podem ser ver forçadas a agir
A senadora Marina Silva, do Partido Verde pelo Acre, afirmou nesta terça-feira, em Washington, que as nações emergentes poderão induzir os países desenvolvidos a um ''constrangimento ético'' nas negociações da Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, que acontece dezembro, em Copenhague.
''Os países em desenvolvimento podem levar àquilo que eu chamo de um 'constrangimento ético', porque com menos condições econômicas, com menos condições em termos sociais, eles estão procurando fazer o seu dever de casa.
E é isso que nós esperamos também da China e da Índia. E por que não daqueles que reúnem melhores condições?'', afirmou a senadora durante uma conversa com jornalistas brasileiros nesta terça.
A senadora, ex-ministra do Meio Ambiente e pré-candidata à Presidência da República, esteve na capital americana participando de encontros com políticos americanos e participou também de um evento sobre aquecimento global, realizado pelo instituto de pesquisas políticas Woodrow Wilson Center.
A senadora, ex-ministra do Meio Ambiente e pré-candidata à Presidência da República, esteve na capital americana participando de encontros com políticos americanos e participou também de um evento sobre aquecimento global, realizado pelo instituto de pesquisas políticas Woodrow Wilson Center.
Marina Silva é crítica em relação aos Estados Unidos pelo fato de o país ter colocado a discussão sobre aquecimento global em segundo plano, durante a gestão de George W. Bush, mas louva o papel do atual líder americano.
''Temos que considerar que os Estados Unidos perderam dez anos em termos de participar dessa discussão. Isso tem um peso, tem um custo. Mas o presidente Obama teve a capacidade de retomar o debate, mais do que retomar, apresentar uma lei que, em parte, já foi aprovada. Isso já é uma vantagem muito grande. O esforço daqui para a frente, é que a lei possa ser aprovada. E de que em sendo aprovada, se aprofundem os compromissos dos Estados Unidos. É por isso que é fundamental essa interação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento''.
A despeito das críticas à antiga posição americana, Marina também não poupou a meta brasileira para Copenhague, a de limitar o desmatamento em 80% até 2020, considerada por ela ''tímida'', conforme afirmou na segunda-feira.
Na ocasião, a senadora havia dito ainda que o país não pode condicionar o seu controle de emissões de gases causadores do efeito estufa somente ao declínio do desmatamento. ''O que se deve ter é uma meta global, para o desmatamento, para a energia e para a agricultura''.
Política e religião
Marina Silva ainda não confirmou se será ou não candidata à Presidência, mas já vem recebendo uma série de perguntas a respeito de suas convicções religiosas - ela é evangélica - e a suposta implicação de sua fé em uma campanha presidencial.
A senadora nega categoricamente que tenha feito, como chegou a ser noticiado, uma defesa de que o criacionismo fosse ensinado em escolas do país.
''É uma pergunta que não condiz com a verdade. Eu fui perguntada por um jovem de uma escola adventista, sobre o que achava de aquela escola ensinar o criacionismo. Minha resposta foi que desde que ensinasse também o evolucionismo, eu não vejo problema. Mas foi no contexto daquela escola. Em nenhum momento defendi o ensino do criacionismo nas escolas públicas. Sou professora desde a década de 80 e nunca fiz esse tipo de militância''.
Marina acrescenta que não acredita que sua religiosidade poderá acarretar problemas em uma possível disputa presidencial. ''Seria a primeira vez que no Brasil alguém teria preconceito contra alguém por ter fé. O presidente Lula é uma pessoa que professa a sua fé''.
A senadora afirmou que em uma eventual campanha não deixaria suas convicções religiosas direcionarem a sua agenda política, citando, especificamente, sua oposição ao aborto.
''Me perguntam se eu sou favorável ao aborto e eu digo que não sou. Mas a legislação que está aprovada deve ser cumprida. E as mudanças que vão acontecer não dependem do Executivo. Dependem do Legislativo e, no caso do aborto, como envolve aspectos espirituais e filosóficos, no meu entendimento se deve fazer um plebiscito''.
Para a senadora, o tema deve estar presente na campanha presidencial. ''Em relação à campanha, que o debate seja feito. Que possamos partir do princípio que une a todos. Todas as pessoas que defendem a posição favorável ou a posição contrária. Sabe que precisamos de mais informação, que precisamos aprofundar o debate. No meu entendimento, talvez uma forma mais adequada seria a de um plebiscito'', afirmou.
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