AUTOATENDIMENTO

terça-feira, 30 de novembro de 2010

História da vida real – “Vivo com Aids e sou Feliz”

Janete Alves, 49 anos, residente em Rio Branco é presidente da Organização Não Governamental (ONG) Agá & Vida que foi fundada há 14 anos com o nome do vírus (HIV), modificando-se para o atual devido ao preconceito das pessoas em achar que qualquer membro freqüentador da organização era portador do vírus e da doença.

O objetivo da instituição é trabalhar a autonomia e a auto-estima das pessoas infectadas pelo HIV e Aids no Estado do Acre, através da democratização da informação; promover ações para o desenvolvimento de políticas públicas junto às organizações governamentais na promoção da saúde integral, política e social, que contribuirá para a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids.

“Faço meu tratamento regularmente, me sinto muito bem, se tivesse idade para engravidar, poderia, sem risco nenhum do meu filho nascer com o vírus. O meu parceiro se fosse soro negativo, também não teria riscos de ser contaminado” - afirma Alves.

Vivendo com Aids há 12 anos, Janete conta que foi infectada pelo marido, e quando descobriu que estava com a doença, resolveu deixar seu lar e desenvolver ações que ajudassem as pessoas que encontravam-se na mesma situação. Para se manter, Janete conta com ajuda da família, pois devido ao preconceito não tem acesso à oportunidade de emprego.

De acordo com a presidente da Agá & Vida, o seu companheiro de muitos anos não mora mais no estado, e até onde ela sabe o mesmo não faz o tratamento. Janete pede que as pessoas se cuidem e usem preservativos durante as relações sexuais, pois têm muita gente, já doente, mantendo relação sexual sem prevenção com o propósito de infectar outros.

“Ainda não tivemos denúncias de casos propositais da proliferação do vírus, porquanto não podemos sair apontando os responsáveis, porém, prevenir-se nunca é demais”, disse a presidente.

Janete faz mais um alerta: “ninguém possui escrito no corpo que está contaminado. A Aids não tem cara, e nem mesmo alguns fantasiosos sintomas que dizem por ai, como a queda de cabelo, a perda exagerada de peso, dentre outros”.

“A única coisa que fiz foi amar meu marido, por amor me infectei, quando você casa com uma pessoa confia, é aquela história de não usar o preservativo, pois se usar o homem desconfia logo que está sendo traído” - desabafa Janete.

Para ela, é importante a parceria da mídia para informar e orientar à população quanto à doença, assim desconstrói o preconceito e incentiva as pessoas a usarem camisinha durante as relações sexuais. “Só a distribuição de informativos, muitas vezes não é eficaz, pois grande parte da população não sabe ler, portanto, os spots no rádio, os VTs na televisão, sem sensacionalismo, mas com respeito, é uma boa prática da notícia educacional e preventiva.”

“A falta de informação promove o preconceito, assim não há como obter o número exato de pessoas com o vírus, pois muitos têm medo de fazer o exame e, os que fazem e têm resultado positivo, ficam calados, com vergonha, e não procuram tratamento, o que é pior, ficam transmitindo o vírus para outros. Com isso, é impossível saber quantos portadores do vírus existe em cada região. Na maioria das vezes, a mídia noticia índices alarmantes, enquanto deveriam orientar a sociedade sobre a importância de usar preservativo”- esclarece.

A Agá & Vida recebe doações como roupas, sapatos, brinquedos, dentre outros, que são colocados no bazar, criado pelos freqüentadores. As peças são vendidas no preço de 0,50 à R$10,0. O lucro é usado no pagamento do telefone, internet, compra de lanches para servir nas reuniões mensais, copos, produtos higiênicos, pois os projetos são renovados anualmente, e neste intervalo necessitam de economias.

A organização necessita de ajuda de toda população com doações de cestas básicas, roupas, utensílios, etc. Quem tiver interesse em ajudar pode entrar em contato nos telefones: (68) 3224-4267 ou (68) 9999-7954 ou no email: Janete.agavida@hotmail.com

“Meu sonho é conseguir um espaço para construção de uma estrutura maior para desenvolver nossas atividades, pois usamos uma sala emprestada” – finaliza Janete.

Renata do Acre

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