AUTOATENDIMENTO

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Editor-chefe fala dos 40 anos de O Rio Branco

Jaidesson Peres
Em 20 de abril de 1969, chegava às bancas da capital acreana os primeiros exemplares do jornal O Rio Branco, fundado em parceria com os Diários Associados, do empresário Assis Chateaubriand.

A redação do jornal contava com máquinas datilográficas da marca Remington e a oficina era composta por duas máquinas linotipo. No comando do diário e também responsável pela contratação da primeira equipe de trabalho, estava o jornalista rondoniense Petrônio Gonçalves de Almeida.

Até 1978, O Rio Branco permaneceu sozinho no mercado. Nele, acontecimentos que marcaram o Acre, sejam eles esportivos, políticos, sociais ou policiais, foram registrados.

Diante de uma enorme crise financeira, em 1988, vendeu-se o jornal para o empresário potiguar Narciso Mendes. Nessa época, mudanças aconteceram, incluindo-se a mudança da sede do O Rio Branco para o prédio atual.

Conhecido pela implacável oposição ao governo de Jorge Viana e por ter o seu principal dono envolvido em acalorados debates políticos, hoje o diário vive um novo momento, está mais light. De acordo com Narciso Mendes, o atual governador sabe respeitar a imprensa, não gosta tanto de confrontos.

Pelo jornal, já se passaram grandes nomes do jornalismo acreano, destacando-se José Chalub Leite, Ely Assem de Carvalho, Sílvio Martinello, José Luís Alves, Luiz Carlos Moreira Jorge, Élson Martins, Aníbal Diniz, Marcos Afonso, Geraldo Mesquita, etc.

Para falar mais dos 40 anos do O Rio Branco, o acadêmico de jornalismo Jaidesson Peres, do 5º período, entrevistou o editor-chefe do diário, César Negreiros. Na entrevista - concedida nesta quarta-feira (15) após ele ter dado um depoimento sobre os 40 anos do O Rio Branco na Semana de Comunicação da Uninorte/Iesacre -, César Negreiros explica a mudança da linha editorial do O Rio Branco e confessa que alguns excessos na publicação dos jornais podem comprometer a venda nas bancas.

Jaidesson Peres - Qual o motivo da mudança tão repentina da linha editorial do ORB?
César Negreiros - Olha, todo jornal ele tende a mudar sua linha editorial. Se você fizer uma releitura de todos os jornais, sempre eles, dependendo das circunstâncias, mudam a linha editorial.

Jaidesson Peres - Narciso Mendes confessou ontem que o ORB sempre foi de oposição, teve essa tradição. Qual o governo que o ORB teve mais dificuldade para se relacionar?

César Negreiros - Bem, todos os governos quando assumem têm um conflito, isso é comum. Em virtude de a imprensa nem sempre agradar ao governo por alguma informação veiculada, há conflitos. O jornal, quando escolhe a notícia para torná-la pública à sociedade, pode cometer equívocos, pois todos os jornais o cometeram. Agora, a conseqüência reflete na banca no dia seguinte, quando os leitores terão mais resistência para comprar aquele jornal que é mais chapa-branca.

Jaidesson Peres - O jornal ORB já passou por essa crise de vendagem por causa de sua linha editorial?
César Negreiros - Qual o jornal com quarenta anos circulando nas ruas de Rio Branco não passa por esses momentos? Se você pesquisar, verá que todo órgão de comunicação tem tendência para ser de oposição ou ser subserviente ao poder. Temos aqui, por exemplo, um jornal ligado ao atual governo que nunca representa os interesses da sociedade.

Jaidesson Peres - Você disse no seu depoimento na Semana de Comunicação que o jornal ORB foi uma escola de jornalistas. No entanto, muitas vezes, o jornal teve problemas em relação aos salários de seus funcionários. A empresa valoriza seus profissionais?

César Negreiros - Com relação a essa questão salarial, ela é primordial em qualquer profissão. Eu sei que qualquer cidadão, desde que trabalhe, tem mais do que direito a receber o salário dele no final do mês. Mas ser jornalista perpassa essa questão de receber salário ou não.

Jaidesson Peres - Qual a contribuição do ORB nesses 40 anos para a imprensa acreana?

César Negreiros - Em minha opinião, foi termos contribuído para criar profissionais, princípios e solidariedade. No jornalismo tudo é coletividade. Para fazer, por exemplo, uma boa reportagem é necessário um bom fotógrafo, um bom diagramador, etc.

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