AUTOATENDIMENTO

sábado, 14 de março de 2009

Uma pergunta acertada




Por Edmilson Alves

Por sua íntima ligação com a defesa dos interesses da sociedade, o jornalismo assim se desenha: Altino Machado, respeitado jornalista acriano, diz ter sido desrespeitoso com o Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. O jornalista afirma, em seu blog (13/04/2009), ter exagerando ao perguntar ao Presidente do STF sobre sua suposta parcialidade em defesa dos pecuaristas. Altino expressou, mesmo que de improviso (ou seu subconsciente manifestou–se honestamente), o verdadeiro anseio da sociedade brasileira, em querer instituições mais sérias e com credibilidade. “Nós, os brasileiros, não acreditamos no Supremo Tribunal Federal (STF)”, pelo menos 79,5% não acredita. É o que revela a sondagem feita pela Opinião Consultoria por telefone com 2.011 pessoas em todo país entre os dias 4 e 20 de agosto de 2007. Com margem de erro é de 2,2%.

Ditado popular costuma dizer que brasileiro tem memória curta. Então vamos relembrar alguns fatos que justifica o porquê de não acreditamos no STF.

Do G1 (portal de notícias da Globo - 09/07/08 - 23h36 - Atualizado em 10/07/08 - 10h43):

“O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, mandou soltar nesta quarta-feira (9) o banqueiro Daniel Dantas e a irmã dele, Verônica. Ambos foram presos durante a Operação Satiagraha da Polícia Federal (PF), que investiga desvio de verbas públicas e crimes financeiros”.

Daniel Dantas é o banqueiro que ofereceu US$ 1 milhão a um delegado da PF para que retirasse seu nome e de seu bando de uma investigação que vinha sendo feita pelo delegado.

Daniel acreditava ser mais difícil se livrar da PF e aí oferece uma cifra tão alta. “É para nos livrar da primeira instância”, teria dito Dantas, “porque no STJ e STF não tem problemas”.

A Polícia Federal, através do delegado Protógenes Queiros, recusou a propina. Já o presidente Gilmar Mendes, mandou soltar Daniel Dantas. Isso reforça a pesquisa da “Opinião Consultoria”, 75,5% dos brasileiros acreditam na PF. “O povo brasileiro não acredita mesmo é no STF".
No caso: pecuarismo x trabalhadores rurais - citamos um trecho da pergunta do jornalista:
"...Mas em nenhum momento o senhor se manifestou contra dezenas, centenas de assassinatos de lideranças de trabalhadores rurais...".
Resposta do ministro:
"...eu tenho me manifestado contra qualquer violação de direitos...,
(Alguém poderia informar em qual momento o ministro saiu em defesa do direito à vida destes trabalhadores assassinados?).

O jornalista Altino pede desculpas pela pergunta que fez a Mendes.

Altino não deveria, apenas cumpri seu papel de tentar esclarecer fatos obscuros”.

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), é uma das mais importantes instituições em combate à corrupção no País. Foram os bispos que encabeçaram o projeto de iniciativa popular que se transformou na Lei 9.840, que já cassou mais de 600 políticos brasileiros por corrupção eleitoral.

Agora a CNBB lança: “A Campanha Ficha Limpa”, que já recebeu mais de meio milhão de assinaturas para o Projeto de Lei de iniciativa popular sobre a vida pregressa dos candidatos.

A CNBB tem credibilidade para afirmar que o ministro Gilmar Mendes é “grande proprietário de terra no Mato Grosso”. E que seus atos são guiados pela parcialidade.

Altino Machado foi pertinente, corajoso e, refletiu o pensamento da maioria do povo brasileiro ao questionar o Presidente do STF: “queremos ter o direito de descobrir a verdade dos fatos”.


Altino Machado (13/04/2009)

Fui desrespeitoso e cometi um erro hoje contra o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que está em visita ao Acre para uma palestra sobre drogas para jovens da rede pública estadual.

Ao fazer a primeira pergunta de uma entrevista coletiva, indaguei:
- Ministro, o senhor tem se manifestado constantemente em defesa da propriedade, contra as invasões, mas em nenhum momento o senhor se manifestou contra dezenas, centenas de assassinatos de lideranças de trabalhadores rurais . [Até aqui, a pergunta é pertinente e correta do ponto de vista jornalístico, o exagero se deu na sequência] Isso decorre do fato de o senhor ser ministro ou pecuarista?

A resposta do ministro veio à altura:

- Devo lhe dizer o seguinte: eu tenho me manifestado contra qualquer violação de direitos, qualquer violação de direitos. Eu não quero que haja assassinatos, independentemente de… Que não haja violência. Pode-se protestar, pode-se fazer qualquer consideração, mas tem que ser respeitado o direito de outrem. A pergunta de qualquer forma é desrespeitosa. O senhor tome cuidado ao fazer esse tipo de pergunta. Eu não sou pecuarista.


Ao formular de improviso a pergunta, tomei como base o manifesto distribuído no dia 6 de março pela pela Secretaria Nacional da Comissão Pastoral da Terra da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, onde está afirmado (e até hoje não contestado publicamente), que o ministro Gilmar Mendes “não esconde sua parcialidade e de que lado está” e que é “grande proprietário de terra no Mato Grosso”.


Exagero também veio da parte de quem tanto critica a existência de um estado policialesco no país. Orientado pelo ministro, um assessor dele telefonou para a Polícia Federal, logo após a entrevista, e pediu aos agentes:

- Fiquem de olho naquele moço, pois ele é muito perigoso.

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