Do jornalista Assem Neto, demitido pela TV Gazeta por flagrar corrupção eleitoral:
Jornalista bom é jornalista comprado
Nunca foi segredo o que penso sobre o modelo político que aliena, domina e compra consciências no Acre.
Minhas
convicções estão abertas e podem ser acessadas em meus perfis nas redes
sociais – único espaço possível no Acre para manifestar expressões
incensuráveis.
No domingo de eleições, antecipei a investida da quadrilha petista sobre jornalistas que os contrariam. Não deu outra.
- Cortem a cabeça deste rapaz - foi a ordem do reinado vermelho.
Ponto
(?) para a canalhice subvertida. Como são maus, pilantras, vagabundos,
escrotos, tiranos e tudo o mais que você possa imaginar.
Na manhã
de segunda, fui proibido de deixar a redação. Fiquei na “geladeira” por
horas, à espera do dono da TV, que, segundo minha editora, estava a
caminho para um “pé de ouvido”.
O cidadão não me encarou. Ficaria
feio demais o “menino de recado” repetir a lorota sem disfarçar que na
empresa dele só sai o que o governo determina.
Que argumento
convincente teria ele ao pôr na rua o jornalista que a sua própria
empresa mandou ficar na cola da Polícia Federal durante a votação?
Ora,
Roberto Moura, o senhor é outro que merece a quem serve. O clichê
“banana do mesmo cacho” lhe cai bem. Enfim, a sentença, covarde,
traiçoeira, veio por telefone a terceiros. De boa!
Minha
cobertura das eleições foi minada. Os flagrantes de aglomeração de
eleitores, censurados. Eram imagens que revelariam a corrupção
eleitoral, mas que foram desprezadas.
Nada foi ao ar, por ordem
da tropa do PT no governo, prontamente atendida pela direção de uma
empresa que exibe imagens coloridas num espaço marrom. Se não era para
divulgar, por que então mandaram fazer?
Pudera: ali, ao meu lado,
na Baixada da Sobral, mais precisamente na Praça da Semsur, enquanto eu
me concentrava em narrar o crime, estava, ao telefone, o presidente do
PT, senhor André Kamai, mentiroso de marca maior.
Encangado a
ele, o secretário de Educação do Estado, Daniel Zen, desordeiro
insolente que o mundo conheceu pelo afrontoso “cotôco cultural”.
Ambos
passaram a espalhar inverdades a outro capacho, o secretário de
Comunicação, Leonildo Rosas, um apedeuta subserviente - porque a este
também faltam amor próprio e dignidade.
A cretinice foi nesses termos:
-
O Assem tá aqui na Baixada com o Bocalom fazendo boca de urna, usando o
equipamento da TV - disparou o serviçal inescrupuloso aos ouvidos do
dono da TV, que, habitualmente, execra seus funcionários em nome de uma
relação incestuosa, inescrupulosa, com o erário.
- Assem, ligaram para o Moura com essa história – gaguejou o diretor-geral, Raimundo Martins, numa ligação que eu já aguardava.
Desafio
que provem que utilizei a estrutura da emissora para fins pessoais,
como foi dito numa nota desaforada que o seu site publicou como medida
desesperada para abafar as razões de minha demissão horas após o término
das eleições.
Desafio, ainda, que naquela multidão alguém prove
minha aparição ao lado do candidato em questão - a quem apoiei via redes
sociais e com quem jamais conversei nesta campanha política.
Tudo
que meu cinegrafista gravou (conteúdo bruto) no domingo está em poder
da TV. Aliás, a não veiculação das reportagens na transmissão de domingo
prova que a emissora, concessão pública, estupra a Constituição ao
omitir a verdade que interessa ao cidadão, altera e reescreve texto dos
repórteres e adultera o sentido original que nós, redatores, pretendemos
dar à notícia.
Tem sido constrangedor, na maioria das matérias,
aparecer ao vídeo da TV Gazeta sendo obrigado a falar bem das corja
perseguidora que domina o Acre. Na dúvida, pergunte a qualquer repórter.
Algo
precisa ser feito. Quando um repórter tem sua imagem denegrida e
aviltada por fazer bem o seu trabalho e prestar um serviço à população,
ao noticiar fatos, este não é um problema só dele, mas da imprensa, que
tem o dever de informar, e da sociedade, que tem o direito de ser
informada. É disso que se trata.
Não posso e não quero ser notícia.
Tampouco me deslumbrei por trabalhar no Congresso Nacional, onde, por
seis anos, fui assessor de imprensa da deputada Perpétua Almeida em
Brasília.
Optei por voltar ao meu estado por gostar (demais) de
fazer televisão, por estar perto de meus irmãos, minha mãe e amigos. Nem
a defasagem salarial, que é gritante por aqui, me fez mudar de ideia.
Profissionalmente, foi um erro, admito.
Minha preocupação sempre foi
contar a história do próximo. Isso me tornou um profissional respeitado e
dificilmente mentiras ou inverdades vão mudar uma reputação construída
com muito trabalho, honestidade e respeito pela informação.
Sinto-me aliviado por não ter sido demitido por incompetência. Se assim fosse, rasgaria meu registro profissional.
Estou
tranquilo e ainda mais encorajado a denunciar os que aprisionam
pensamentos e as ideias alheias, roubam do contribuinte para comprar
votos, viciam contratos e licitações.
Às centenas de amigos a mim solidários, o apreço e o agradecimento.
Aos inimigos, a indiferença.
O Acre, infelizmente, nunca mais.
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