AUTOATENDIMENTO

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tabagismo e suas conseqüências


Antigamente o cigarro era considerado uma das “sete maravilhas do mundo”. A mídia contribuía muito para isso. As propagandas do cigarro incentivando o vício estavam em toda parte. Mulheres e homens bonitos, bem sucedidos na vida, artistas de cinema, por exemplo, que apareciam sempre fumando uma determinada marca de cigarro, significando que há alguns anos fumar promovia charme, luxo, satisfação e status social.

Sendo assim, muitas pessoas iniciaram o vício por razões sociais, uns pra serem iguais aos seus ídolos, outros por pressão de amigos ou simplesmente para satisfazerem seu ego.

Com o passar dos anos percebeu-se os malefícios desse vício, e países se reuniram para criar meios de inibir tal prática. Em alguns lugares a venda foi restrita e os fabricantes foram proibidos de incentivar o uso do tabaco por meio da mídia, além de serem obrigados a colocarem advertências em suas embalagens com imagens dos males causados pelo seu consumo.

Mas, mesmo assim, são alarmantes os números do tabagismo no mundo. De acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS) estima-se que, a cada dia, 100 mil crianças tornam-se fumantes em todo o planeta. Cerca de cinco milhões de pessoas morrem por ano, vítimas do uso do tabaco. Caso as estimativas de aumento do consumo de produtos como cigarros, charutos e cachimbos se confirmem, esse número aumentará para 10 milhões de mortes anuais por volta de 2030.

No Brasil, alguns estados e municípios criaram Leis para inibir o uso de cigarros em lugares fechados e públicos. Na capital do Acre, Rio Branco, a Lei Municipal nº 1.764 entrou em vigor no dia cinco de novembro de 2009 proibindo o consumo de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não de tabaco, em recintos de uso coletivo como ambientes de trabalho, estudo, cultura, esporte, entretenimento, áreas comuns de condomínio, casas de espetáculos, teatros, cinemas, bares, etc.

A Lei que veio pra garantir o direito do fumante passivo - pessoa que decidiu não fumar- foi considerada por uma jornalista - pessoa formadora de opinião- como uma “lei antipática e inconstitucional”. Em nenhum artigo da lei proíbe o fumante de consumir seu cigarro, apenas restringe os lugares para ele desfrutar de seu vício.

Infelizmente, ela deve não saber que: a fumaça do cigarro reúne, aproximadamente, 4,7 mil substâncias tóxicas diferentes e muitas delas são cancerígenas; o tabagismo está ligado a 50 tipos de doenças como câncer de pulmão, de boca e de faringe, além de problemas cardíacos; no Brasil, 23 pessoas morrem por hora em virtude de doenças ligadas ao tabagismo; crianças com sete anos de idade, nascidas de mães que fumaram 10 ou mais cigarros por dia durante a gestação, apresentam atraso no aprendizado, dentre outros malefícios, quando comparadas a outras crianças de mães não fumantes.

Os males do tabaco não afetam só quem opta por fumar, as pessoas que estão expostas a fumaça acabam absorvendo a nicotina, o monóxido de carbono e várias outras substâncias que compõem esse produto.

Estudos comprovam que os fumantes passivos sofrem imediatamente com os efeitos desses componentes tóxicos e são atingidos por irritações nos olhos e no nariz, dores de cabeça, tosse, alergias e dor no peito (angina). Com o tempo, essa exposição ao tabaco pode reduzir a capacidade funcional respiratória e aumentar as chances de desenvolver aterosclerose e problemas cardíacos. Aproximadamente 2.655 fumantes passivos morrem por ano das três principais doenças relacionadas ao fumo: enfarte, derrame e câncer de pulmão.

Em seu artigo, a jornalista viola claramente o código de ética de sua profissão (Art. 2º-II, art. 3º, art. 4º, art. 7º- III e IX) usando o meio de comunicação para persuadir e expressar um desejo pessoal, como também incentivar o uso do cigarro, principalmente entre os jovens e adolescentes, quando diz que “o tabaco é a mais importante cultura agrícola não-alimentícia do planeta e contribui substancialmente para as economias de mais de 150 países. Os impostos e taxas sobre o tabaco são a maior fonte de receita para quase todos os governos.”

Faltou a jornalista informar que este segmento da economia mundial contribui para a morte de diversas pessoas, prejudica a saúde pública e gasta uma considerável quantidade de dinheiro público em seu combate e prevenção.

Aliás, o filme “Obrigado por Fumar”, dirigido por Jason Reitman, retrata de maneira crítica e bem humorada a falta de ética de alguns profissionais de comunicação que se utilizam da mídia para fazer apologia ao tabaco. O longa metragem demonstra como o discurso pode ser utilizado para influenciar as pessoas e como isso é feito em propagandas, filmes e, também, por profissionais de diversas áreas da comunicação em função de suas atividades e da credibilidade que tem com um determinado público.

Como a jornalista, o protagonista do filme defende uma indústria que é notoriamente nociva às pessoas e que se utiliza de substâncias viciosas para manter seus clientes.

Vale ressaltar que as Indústrias do Tabaco faturam muito alto, e os impostos pagos são gastos com tratamentos de saúde. A grande contradição é que o governo gasta duas ou três vezes mais no tratamento de doentes vítimas do fumo do que o repassado pelos produtores de tabaco.

Além disso, as plantações de fumo é um desrespeito aos direitos humanos, como retrata o livro de Guilherme Eidt, intitulado “Fumo: servidão moderna e violações de direitos humanos”. A publicação mostra a situação dos trabalhadores que plantam fumo no sul do Brasil. Entre os vários problemas apontados pelo livro está a baixa rentabilidade, a exploração do trabalho infantil e juvenil, a intoxicação por agrotóxicos e os altos índices de casos de depressão e até suicídios.

Mônica Araújo

Jornalista e Especialista em Assessoria de Comunicação

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