Com o lançamento do “Floresta Digital” - projeto pelo qual a sociedade acriana passaria, a partir deste fevereiro de 2010, a ter acesso gratuito à rede mundial de computadores - o governador do Acre, Binho Marques, contradiz a própria lógica de sua gestão.
Marques consolidou, como nem um outro governante da recente história do Acre, a rendição de quase a totalidade dos veículos de comunicação do Estado ao seu projeto de poder.
Nem o ex-governador Jorge Viana, com forte aprovação popular, obteve tanta benevolência por parte da imprensa acriana.
Com sua agência de notícias, o senhor de cavanhaque e sorriso fácil, edita jornais, blogs, sites noticiosos. Pauta TVs, rádios e assim determina os assuntos a serem discutidos pela agenda social, do diálogo do bar as discussões acadêmicas.
Binho consegue pautar até os programas policialescos, uma vez que a violência alastrada pelas cidades não é controlada pela força repressiva do Estado que governa.
A contradição de Binho é permitir ao acriano acesso à livre “arena” representada pela internet. Aquilo que a imprensa teima em esconder - na Web aparece.
O Acre mágico e magnífico que estampa as páginas dos jornais é desconstruído pelo mundo real, pelo dia-a-dia da sociedade que cedo ou tarde descobre não viver no “paraíso”. Que tristemente, pela dor do analfabetismo, da ausência de moradia, de saúde, segurança, descobre que seus líderes celebraram o velho contrato do “façamos a mudança antes que o povo a faça”.
Ironicamente, o meio virtual – a rede – vem contribuir para que o mundo real enxergue as ilusões entorpecestes das campanhas orquestradas pelo maldoso sistema midiático montado para confundir o acriano.
Binho Marques é inteligente, mesmo sabendo que deve lealdade ao seu grupo, quer deixar alguma herança positiva de sua gestão, quer dar liberdade a parte de uma sociedade, sufocada pela péssima educação proporcionada pelos veículos informacionais.
É triste constatar que os benefícios do “Floresta Digital” nunca chegarão a todos, pois, esquecemos-nos de ofertar escola a milhares de acrianos. Esquecemos-nos de proporcionar comida a outro tanto.
Aqueles que lhes foram negados o direito de acesso ao mercado de trabalho, se quer ousam sonhar ser dono de um computador.
Os governistas deveriam parar de criar projetos para os “incluídos” e lembrar-se daqueles que nada possuem.
E se a mim couber pedir. Peço apenas que inclua nossas crianças no sistema educacional, porque atualmente elas frequentam prédios bonitos nos quais escreveram a palavra “escola” em suas fachadas.
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