AUTOATENDIMENTO

sábado, 9 de janeiro de 2010

Justo


Alunos de universidades públicas podem ser obrigados a prestar serviços ou pagar pelo curso





"Obrigatoriedade de retribuição" é como o senador Valter Pereira (PMDB-MS) chama a sua proposta de obrigar universitários recém-formados em cursos gratuitos a prestarem serviços à comunidade ou contribuir financeiramente. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC 47/09) já obteve parecer favorável do senador Wellington Salgado (PMDB-MG) e está pronta para entrar na pauta de votação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).


A PEC também alcança os formandos de pós-graduação de universidades públicas, que ficariam sujeitos às mesmas obrigações de prestar serviços à comunidade na área da sua habilitação profissional ou pagar ao ente federado (União, estado ou município) responsável pelo financiamento do curso. Neste último caso, o dinheiro seria utilizado prioritariamente na expansão de vagas na universidade gratuita.


Walter Pereira justificou sua proposta assinalando que, diante do "fenômeno universal" da urbanização e da complexidade do trabalho na sociedade, aumentou o número de jovens que se candidatam a cursar universidades. Para o senador, os cidadãos não são tratados igualmente em relação à oportunidade de ingressar no ensino superior.



- Uns fazem seus cursos de forma totalmente gratuita, nas universidades públicas, financiados pelos impostos pagos por todos; outros obtêm uma gratuidadeintegral ou parcial em instituições privadas, sustentada por isenção de tributos que poderiam beneficiar a todos; e os que recebem financiamentos são obrigados, no futuro, a ressarcir os gastos federais que representam somas consideráveis da receita das instituições privadas - observou.


Pereira disse que quer promover um ato de justiça, dando a oportunidade aos formandos de universidades públicas de "retribuir à apropriação por eles efetuada dos recursos de impostos pagos por todos que financiaram sua formação".


Em seu parecer, Wellington Salgado salienta a "grita" de autoridades e prefeitos carentes sobre a dificuldade de conseguir a dedicação de profissionais formados em diversas áreas demandadas pela população. Ele disse que essa carência seria suprida se os milhares de profissionais formados em universidades públicas fossem obrigados a prestar serviço comunitário em sua área de especialidade.



- Não se trata, absolutamente, a nosso ver, de limitar a gratuidade da educação superior. É sabido que as universidades e os outros institutos federais são custeados pela receita de tributos, como o Imposto sobre a Renda (IR), o Imposto dobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto dobre Operações Financeiras (IOF) e outras receitas, todas oriundas da população. Acontece hoje que todos pagam, mas poucos se beneficiam, em razão da limitação da receita e dos altos custos do ensino superior - concluiu.



Ricardo Icassatti / Agência Senado

Sem explicações

Apagão - Rondônia e Acre

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eletronorte ainda não soube informar o motivo do blecaute, mas descartou semelhança com o apagão ocorrido em novembro e que deixou 18 Estados sem luz.

"Ainda está sendo apurado, mas não tem nada a ver com o apagão por causa da chuva de novembro", explicou um assessor.

Segundo a assessoria da Eletronorte, a luz em Rondônia retornou às 16h30 e no Acre, às 17h11, de acordo com a hora de Brasília. A região Norte fica duas horas antes desse horário.

Os dois Estados foram interligados ao Sistema Nacional Interligado (SIN) em outubro, após anos operando como um sistema isolado do país.

(Por Denise Luna)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Futebol

Jogos poderão ser filmados para auxiliar decisão de árbitros

As federações esportivas brasileiras que promovem campeonatos profissionais poderão ser obrigadas a filmar os jogos oficiais para auxiliar os árbitros, no momento da partida, na aplicação das regras.

A determinação consta no Projeto de Lei 5754/09, da deputada Gorete Pereira (PR-CE), em tramitação na Câmara.
O texto altera o Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 10.671/03).

Segundo a proposta, o capitão do time que se sentir prejudicado por uma decisão do juiz pode pedir a interrupção da partida para verificação das imagens. Nas modalidades individuais, o pedido será do atleta.
A paralisação para verificação do lance duvidoso terá duração máxima de cinco minutos, limitada a duas por jogo, e será julgada pelo juiz e árbitros auxiliares. O PL 5754/09 determina que se o lance não for solucionado no tempo previsto, será considerada válida a aplicação original do juiz.

Proposta similarA deputada Gorete Pereira explica que proposta similar foi apresentada em 2004 pelo ex-deputado Roberto Pessoa (CE), tendo sido rejeitada. Ela decidiu reapresentar o texto por achar que tem crescido o número de erros das arbitragens, "com visíveis e diretas repercussões no resultado das partidas".
Gorete acredita que a medida poderá até reduzir a violência nas partidas, que muitas vezes tem como estopim uma decisão do árbitro. Ele destaca que o futebol americano já usa as filmagens para a correção de erros da arbitragem.

Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Turismo e Desporto; e Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta:
PL-5754/2009
Reportagem - Janary Júnior Edição - Newton Araújo
Agência Senado

Esporte e Cultura

PEC dá imunidade tributária a instituições culturais e desportivas
A Câmara analisa a Proposta de Emenda à Constituição 401/09, do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que concede imunidade tributária a instituições culturais e desportivas sem fins lucrativos.

O texto constitucional, de acordo com Berzoini, obriga o Estado a garantir a todos o pleno exercício dos direitos culturais. Da mesma forma, estabelece que o Poder Público deve fomentar as práticas esportivas.

O deputado argumenta, no entanto, que "é inegável" a insuficiência de recursos públicos para garantir o pleno cumprimento da Constituição. "Por esse motivo, o auxílio de entidades privadas, que colaboram com a administração pública, é indispensável", afirma. Ele acredita que a medida proposta facilitará o trabalho dessas instituições.
Tramitação
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania analisará a admissibilidade da PEC. Caso seja aprovada, a proposta será analisada por uma comissão especial, antes de ser votada em dois turnos pelo Plenário.

Reportagem - Maria Neves - Agência Câmara

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Governo do Acre intensifica realização de transplantes de córneas



Órgãos foram solicitados à Central Nacional de Transplantes

Mais três pessoas serão submetidas ao transplante de córnea nesta quarta-feira. Este tipo de intervenção cirúrgica começou a ser realizada no Estado em junho do ano passado.
Desde então 14 pacientes já fizeram o transplante na Fundação Hospitalar. Até dezembro foram realizadas as cirurgias de urgência. “Agora vamos fazer as cirurgias rotineiramente. Já começamos a diminuir a fila. E as intervenções serão feitas de acordo com a demanda”, completou Natália Moreno, que coordena a equipe de transplante de córnea no Acre.

Entre as principais indicações para o transplante de córnea estão as doenças congênitas, complicações de cirurgias, acidentes e distorção da córnea. De acordo com a médica, Natália Moreno, a meta para este ano é iniciar o processo de captação do órgão no Estado. “Assim vamos conseguir eliminar a fila de espera e completar o ciclo do tratamento, já que realizamos o acompanhamento integral dos pacientes transplantados no Acre e em outros estados”.

Isaura Ribeiro de Oliveira, 84 anos, é uma das pacientes que será operada nesta quarta-feira. Para a filha dela, Maria Bárbara Oliveira, este é um momento importante para a família. “Estamos ansiosos. Não teríamos condições de viajar para outro estado, e com a cirurgia sendo feita no Acre a situação ficou mais fácil”, disse.

Para o coordenador da Central de Transplante do Acre, Thadeu Moura, a intensificação dos procedimentos é fruto do trabalho que já vem sendo desenvolvido há alguns anos pelo Governo do Estado, no sentido de realizar os transplantes no Estado, evitando que os pacientes sejam tratados fora de domicílio. “O aumento do número de transplantes de córneas representa também um ato de amor e de doação das famílias que perderam entes queridos”. O médico destacou ainda que as córneas podem ser retiradas até seis horas depois da morte do doador, e utilizadas em até 14 dias.
Agência Estatal (Acre)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

IMPOSTO DE RENDA

A mordica do Leão ficará menor em 2010.
Os brasileiros que antes eram atingidos pelo IR na fonte sempre que recebiam acima de R$ 1.434,59 agora serão surpreendidos quando receberem acima de R$ 1.499,15 .
Os que estão na faixa de R$ 1.499,16 até R$ 2.246,75 entra na alíquota menos, que é de 7,5% e com a parcela a deduzir de R$ 112,43 , para os que não tiverem dependentes.
Também o valor por dependente foi majorado, de R$ 144,20 para R$ 150,69 , influindo também no valor a ser retido.
Toda a tabela foi reajustada, fazendo que assim, o brasileiro sofra menos com o Imposto de Renda retido na fonte.
Fonte: Direito Cidadão.com

PLANOS DE SAÚDE


A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está trabalhando uma nova regulamentação para a questão da portabilidade dos planos de saúde no país.
Usuários dos planos, ainda que em contratos firmados antes de 1999, como é a regra atualmente, e que não sejam somente contratantes individuais poderão mudar a qualquer época do ano de operadora.
Hoje é vedado ao contratante (ou conveniado) mudar de plano de saúde sem cumprir os prazos de carência estabelecidos pelas operadoras. Além disso, conveniados que pertençam a contratos coletivos ou empresariais não podem deixar de cumprir os prazos de carência, o que gera grande desconforto e insegurança para os conveniados. A regra deve mudar, apesar da resistência dos planos de saúde.
Fonte: Direito Cidadão.com

Eleições 2010



Propaganda partidária de 2010 começa nesta quinta com PSOL



Ana Conceição

SÃO PAULO - O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) vai abrir o período de propaganda partidária no primeiro semestre de 2010 em cadeia nacional de rádio e televisão, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


O programa do partido comandado pela ex-senadora e vereadora de Maceió Heloísa Helena (AL) vai ao ar na quinta-feira, 7, das 18h às 18h10 em rádio e das 18h30 às 18h40 na televisão.

Entre os grandes partidos, o programa do PMDB será veiculado em 15 de abril, o do PT em 13 de maio, o do DEM em 27 de maio e o do PSDB em 17 de junho. O último da lista será o PTB, que fechará o semestre apresentando seu programa em 24 de junho.

O TSE deferiu no final de dezembro a veiculação dos programas de 25 partidos até junho. Por ser ano eleitoral, em 2010 não haverá transmissão de propaganda partidária no segundo semestre. Já a propaganda eleitoral gratuita dos candidatos será exibida de 17 de agosto a 30 de setembro.

O artigo 45 da Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos) assegura às agremiações o acesso gratuito ao rádio e à televisão, no horário das 19h30 às 22 horas (horário de Brasília), para divulgar os ideais partidários, transmitir mensagens aos filiados e difundir a posição do partido em relação a temas de interesse da sociedade.
Agência Estado

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Lula em férias







Agência Estado - Marcio Fernandes

Triste jornalismo


Repórter da Band defende Boris Casoy após polêmica declaração em telejornal

Por Thiago Rosa/Redação Portal IMPRENSA

O jornalista e apresentador Fábio Pannunzio saiu em defesa do âncora e companheiro de emissora Boris Casoy, após polêmica declaração crítica aos garis durante chamada do "Jornal da Band". Segundo Pannunzio, que atua como repórter de política do canal e substitui eventualmente Casoy no telejornal, a gafe gerou uma onda "massacrante" de cyberbullying contra o apresentador.

"Vi com preocupação e tristeza as condenações veementes de que ele (Casoy) foi objeto nos últimos dias por causa do vazamento de uma frase infeliz ao final de um bloco do jornal. Chamaram-no de tudo que é concebível e foram além", escreveu Pannunzio em seu blog.
No texto, o repórter da Band ainda ressalta que mesmo após pedir desculpas no ar, a onda de críticas contra o apresentador não cessou. "Mas nem isso o ajudou. Passaram a criticá-lo porque consideraram tímida a retratação. Como o fato de ter se retratado não tivesse nenhuma importância".

Ao final, Pannunzio ainda cita outras gafes da imprensa, para embasar a tese de cyberbulling contra o apresentador. "(...) o Boris não está sozinha na galeria dos que cometeram gafes -voluntárias ou involuntárias - na televisão brasileira. Pedro Bial não virou o rei da homofobia por porque fez um comentário infeliz anos atrás. Outras dezenas de casos correlatos aconteceram sem que seus protagonistas fossem crucificados por seus credos, origem étnica, preferência sexual ou o que quer que seja".



Entenda o caso

Na última quinta-feira (31), durante a exibição do "Jornal da Band", foi veiculada uma mensagem de felicitações de ano novo, protagonizada por dois garis. Em seqüência, com o som da vinheta do programa, o áudio do microfone vazou e tornou público o comentário de Casoy.
"Que m***...dois lixeiros desejando felicitações...do alto de suas vassouras...dois lixeiros...o mais baixo da escala do trabalho", disse o apresentador. No dia seguinte, após intensa repercussão do caso, principalmente entre internautas, Casoy se desculpou no ar pelo comentário ofensivo aos garis.

Mesmo com a retratação, várias personalidades e jornalistas criticaram a declaração de Casoy. Otávio Mesquita, apresentador do programa "Zero Bala", também veiculado na Band, se disse "decepcionado" com o comentário preconceituoso do companheiro de emissora.

Jornal O Povo do Ceará


Ex-petista vê benefício à pré-candidata Marina Silva


O filme sobre a vida do presidente Lula, na opinião do deputado federal Luiz Bassuma (PV-BA), não deverá exercer nenhuma influência na sucessão de 2010. Mas, se houver algum candidato beneficiado com a produção, Bassuma não diz não ter dúvida: será a senadora Marina Silva (PV).


"Dilma (Rousseff) não tem nenhuma identidade com o PT de Lula. Já a Marina, não. Há identidade", avalia.



Segundo Bassuma, Marina "está sendo convocada para se apresentar como alternativa de poder". E completa: "a maioria do povo não conhece ainda a história de Marina. Se as pessoas acham que a história de Lula é uma história brilhante, fantástica - e é forte mesmo -, a história de Marina é muito mais".


Desde quando saiu do PT, em agosto do ano passado e mudou para o PV, uma das estratégias do partido é mostrar a semelhança da biografia de Marina, pré-candidata à Presidência, com a trajetória de vida do presidente Lula.


Nascida no Acre, onde consolidou suas carreira política, Marina é filha de cearenses, o que traz sua ligação com a região Nordeste. Jovem, foi vítima da malária, além de descobrir uma doença por conta da contaminação de metais pesados quando trabalhava no seringal. Era analfabeta até a fase adulta. Sempre no aspecto parlamentar, traçou sua vida dentro do PT. Em 2003, com a eleição de Lula, assumiu o Ministério do Meio Ambiente.



Em 2008, abandonou a pasta, principalmente por divergências com o Ministério da Casa Civil, comandado por Dilma Rousseff, pré-candidata do PT às eleições presidenciais deste ano. A saída de Marina do governo Lula teve repercussão internacional. "Ela fez o que pode como ministra do Lula. Obteve reconhecimento internacional. Ela foi considerada uma das 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta", endossa Bassuma.


(Tiago Coutinho, tiagocoutinho@opovo.com.br).

Incêndio




Um incêndio destruiu uma casa localizada na Rua João Mâncio, no bairro Estação Experimental, por volta de 1 hora da madrugada desta segunda-feira, 4. A causa do incêndio é desconhecida. Ninguém morava na casa. Dois carros do Corpo de Bombeiros chegaram ao local e rapidamente controlaram as chamas.



Da Redação da Agência ContilNet

Dubai inaugura o maior arranha-céu do mundo



Dubai deve inaugurar o maior prédio do mundo em meio a rigorosas medidas de segurança. Na véspera da inauguração, a altura verdadeira do Burj Dubai - Torre Dubai, em árabe - permanecia um segredo bem guardado.


Ultrapassando os 800 metros, o edifício superou seu rival mais próximo, o Taipei 101, em Taiwan. Em busca de recordes, os construtores do Burj não se contentaram com isto.


O edifício ostenta o maior número de andares e o andar habitado mais alto de todos os prédios do mundo, e ocupa o posto de estrutura mais alta do planeta, ultrapassando uma antena de televisão na Dakota do Norte. Seu observatório - no andar 124 - também é recordista. "Não sabíamos quão alto poderíamos chegar", disse Bill Baker, engenheiro estrutural do prédio, que está em Dubai para participar da inauguração. "Foi uma espécie de exploração. Uma experiência de aprendizado". Baker disse que, nos projetos preliminares, o Burj ultrapassava em 10 metros o recordista anterior, Taipei 101. A torre de Taiwan tem 508 metros de altura.

Agência Estado

domingo, 3 de janeiro de 2010

2009-2010

A mídia na montanha russa
Por Washington Araújo
O ano que está com suas horas contadas será conhecido como aquele em que a mídia brasileira embarcou na montanha russa no exato momento em que esta começava a descida vertiginosa. E tantos foram os altos e baixos verificados nos doze meses que havermos sobrevivido já parece algo digno de comemoração.

Fazer crítica dos meios de comunicação é muitas vezes trabalho inglório. Há que se ler nas entrelinhas e não deixar que estas sejam esmagadas pelas linhas, há que se discordar das grandes maiorias e muitas vezes erguer barricadas para defender minorias. E, caso seja bem sucedido, ao final do ano há aquele traço amargo na boca de que tiramos muito leite de pedra, jogamos muita pedra na lua, escalamos montanha nevada, chovemos no molhado, nadamos muito para logo em seguida... morrer na praia. Por que tantos lugares-comuns, tantas expressões surradas em um mesmo parágrafo? Porque foi isso mesmo o que aconteceu. O que tinha de acontecer aconteceu. Ou seja:

** A novela líder de audiência foi produzida pela TV Globo. A realidade indiana foi tão falsificada e pasteurizada que, mesmo tendo estado na índia, não consegui deixar de vê-la como se nota de 3 reais fosse. Os exageros e estereótipos, a brincadeira levada a sério de crendices exacerbadas foi constante e a música produzida por máquinas entreteu nossa parte máquina quando não exauriu nossa capacidade auditiva.

** Os jornais impressos passaram inúmeros solavancos ao longo do ano. "É a rentabilidade, estúpidos!" podíamos ouvir em Londres, Nova York, São Paulo e Berlim. Acessar notícias na internet nunca foi tão fácil nem tão corriqueiro. Jornais e revistas lutaram a luta dos desiguais. Algumas vezes contra o relógio. E foram furados pelos meios virtuais em um placar de 365 a zero. Isso porque uma vez impresso nada mais se pode fazer com a notícia publicada. Mas no mundo dos bits tudo é atualizado, minuto a minuto. E ainda se corre o risco de antecipar o desdobramento dessa ou daquela notícia. Daí que algumas personalidades morreram numa hora e ressuscitaram noutra hora, não noutra vida.

Direitos humanos

** Cultura inútil e tempo desperdiçado com gente desesperada para ganhar o prêmio maior de 1 milhão de reais continuou acontecendo ao longo dos primeiros três meses do ano na TV Globo: os heróis de Pedro Bial, aquele autor da biografia do "Doutor Roberto", imparcial como ela só, transformou as pequenas misérias humanas em arremedo do sombrio futuro predito por George Orwell, em 1984. Claro que estamos falando do Big Brother Brasil. Como perseguir pontos no Ibope é o que mantém canais de televisão, não tardaria que a TV Record apostasse nas mesmas misérias humanas contadas, dessa vez, a partir de uma fazenda. Que poderia ter se chamado "As chuvas de Ranchipur em sítio de Itu", haja vista a ocorrência de chuvas dia sim e dia não também. Nem Lana Turner agüentaria a chuvarada. Mas a força do dízimo e a espontaneidade de Britto Junior pareceram imbatíveis. No quesito desvalorização da condição feminina, o BBB9 ultrapassou a fronteira do bom senso: colocou uma moça vestida de galinha pondo ovo a cada hora cheia. Ao longo de 24 horas. Será difícil A Fazenda bater a Globo, mas nunca se sabe...
** A Folha de S.Paulo deixou de correr atrás da notícia para ser, ela mesma, a notícia. Em três momentos embarcou na canoa errada: minimizou o golpe de 1964 como sendo a tal "ditabranda", publicou um dossiê falso de Dilma Rousseff e concedeu página inteira para Cesar Benjamin nos falar de um Lula absolutamente desconhecido ao tempo em que desconheceu princípios básicos do fazer jornalístico: apurar as informações, ouvir as partes, dar tratamento equânime ao contraditório.

** A revista Veja continuou em sua cruzada "vai pela direita, que é mais seguro, sempre": Che Guevara é uma invencionice de muito mau gosto; Eduardo Galeano é um historiador às avessas, um MSN (muito sem noção); João Pedro Stedile é influenciado pelo capeta, melhor, é o próprio capeta; Mercedes Sosa recebeu um dos piores obituários jamais publicados pelo carro-chefe da Editora Abril, sendo retratada como "a cantora do bumbo argentina que morreu de doenças associadas ao subdesenvolvimento latino-americano, como o mal de Chagas".

** O jornal Estado de S.Paulo não conseguiu o apoio esperado de seus congêneres na sua luta contra a censura e em algumas semanas era o próprio exército Brancaleone, aquele do "eu sozinho".

** O Correio Braziliense, de Brasília, se portou como a cinquentona Carolina, aquela da música do Chico Buarque: viu todo mundo comendo panetone mas não noticiou uma linha que deixasse o governador José Roberto Arruda mal na foto. Estranho ser furado por jornais de todo o Brasil, não é?

** O intolerante presidente iraniano Mahmud Ahmadinijad veio ao Brasil logo após Shimon Peres (Israel) e Mahmoud Abbas (Palestina). Os protestos àquele que discrimina mulheres e homossexuais, que persegue membros da religião bahá´í até a morte e que deseja varrer Israel do mapa, além de dominar o ciclo da energia atômica, receberam pouca atenção dos meios de comunicação. Ao invés de enquadrar o incômodo visitante como violador contumaz dos direitos humanos em seu país, a opção foi para festejar os 62 contratos comerciais firmados durante a visita entre o Brasil e o Irã. Pragmatismo do governo até se entende, mas pragmatismo da imprensa que tanto louva a liberdade de expressão é, no mínimo, inaceitável.

Pesos e medidas

Um ano de bate-boca, papo de botequim e briga há bem poucos metros do meio-fio. Nenhum dos Poderes da República ficou sozinho no palco. Começou com Suas Excelências Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa no austero ambiente do Supremo Tribunal Federal – trocando toras e não farpas em espetáculo deprimente de grosseria poucas vezes testemunhado por aquelas paredes brotadas da prancheta de Oscar Niemeyer.

No Senado o clima esquentou o ano todo: Eduardo Suplicy dando cartão vermelho a José Sarney e a Heráclito Fortes e depois, algumas semanas depois, vestindo cueca vermelha a pedido de Sabrina Sato; Pedro Simon desenterrando bastidores da trajetória política de Fernando Collor e Renan Calheiros e recebendo severa reprimenda de Collor bem ao estilo "engula suas palavras e as digira como achar melhor"; Tasso Jereissati e Renan Calheiros se estranhando como nunca antes e evocando manjadas figuras da política nordestina (coronel/cangaceiro adjetivados de forma pouco usual); e no Executivo ainda tivemos o ora famoso discurso presidencial no Maranhão, ocasião em que palavrão foi escolhido por melhor sintetizar a situação em que os pobres do país vivem.

Para variar mais um ano em que a doença contagiou muito mais que a saúde. O Brasil brilhou mais (muito mais!) na imprensa estrangeira. Não houve mês em que o país não estivesse nas primeiras páginas de jornal influente como The New York Times, The Times, Le Monde, El País, e não houve mês em que o Brasil deixasse de ser tema de ampla reportagem em caderno especial de revistas vistosas como Der Spiegel e Newsweek. O traço comum foi exaltar o Brasil como país do presente e não mais do futuro.

Aqui, Lula foi ridicularizado quase que invariavelmente. Lá fora Lula foi receber prêmios importantes como o concedido pela Chattam House de Londres, foi escolhido "uma das 100 pessoas mais influentes do mundo" pelos principais órgãos da imprensa norte-americana e espanhola. Aqui o apagão de algumas horas virou coqueluche nacional sem direito aos contumazes boxes "entenda o caso" para dar conta do "outro apagão", aquele que infernizou a vida dos brasileiros com o racionamento de energia e custou ao país 45 bilhões de reais, tendo a taxa de crescimento da economia brasileira caído de 4,3% em 2000 para 1,3%, em 2001.
Pois bem, este foi o ano de dois pesos, duas medidas. Esperemos o que 2010 nos reserva, além da Copa do Mundo na África do Sul em junho e as eleições presidenciais, em outubro.

Feliz ano novo.
Observatório da Imprensa